Share |

Moção sobre as Podas das Árvores

Moção apresentada à Assembleia Municipal da Amadora, em 29 de Abril de 2015.
Perdeu na votação com os votos a favor do BE, CDU e CDS, abstenção do PSD e voto contra do PS.

Todos os anos os serviços camarários avançam para uma nova ronda de podas às árvores , feita directamente pela Câmara ou através de outsourcing para empresas privadas. A justificação conhecida, da necessidade de abrir os parques e as ruas à luz solar ou doenças das árvores, é utilizada para executar vários arboricídios, uma autêntica agressão às árvores, que inviabiliza a sua vida a curto-prazo e produz imagens violentas de desolação. A Câmara Municipal da Amadora deve assumir os erros crónicos cometidos pelos serviços camarários e pelas empresas privadas que têm executado este serviço de forma incompetente, e muitas vezes injustificada.

Os cortes nas copas e troncos das árvores por todo o município, particularmente visíveis em parques como o Delfim Guimarães, tiraram às árvores todos os ramos já cobertos de folhas. Este processo bárbaro de “poda” reduz acentuadamente o tempo de vida das árvores, trava o processo da fotossíntese, reduz o valor paisagístico e patrimonial das árvores, leva à formação de cancros e feridas nas mesmas e origina acumulações de seiva e pernadas com fraca resistência – as chamadas cabeças de gato.

O corte de ramos com diâmetro superior a 8 cm é extremamente prejudicial às árvores e constitui uma autêntica mutilação. O próprio relatório da Divisão de Arruamentos, Iluminação Pública e Espaços Verdes, relativo ao Parque Delfim Guimarães, apresentado pelo executivo, confirma que as doenças existentes nas árvores resultam de podas erradas e excessivas. Naturalmente, para escusar-se a assumir qualquer responsabilidade, a Câmara Municipal coloca essas podas excessivas há 20 anos atrás, como se não pudéssemos observar ano após ano ser repetida esta barbaridade contra as árvores na Amadora, perturbando também a população no processo.

Acresce uma falta crónica de informação por parte da Câmara quando vai executar processos de poda e/ou abate de árvores. Os cidadãos e as cidadãs da Amadora querem saber porque é que se abatem as árvores e porque se decapitam as mesmas, chamando-lhe “poda”. A invocação de doenças, podridões e fungos, que poderia justificar algumas acções de abate, não é comunicada. Por outro lado, a mutilação de árvores é o principal vector para a entrada destas doenças, destas podridões e destes fungos, razão pela qual as podas erradas e realizadas de forma incompetente são da responsabilidade da Câmara.

A Assembleia Municipal da Amadora recomenda à CMA que:

-  Promova a recuperação, dentro do que for tecnicamente possível, das árvores que foram severamente mutiladas;

-  Administre formação em poda e arboricultura aos serviços da Divisão de Arruamentos, Iluminação Pública e Espaços Verdes da Câmara Municipal da Amadora e;

- Adopte um procedimento eficaz de informação à população antes de qualquer processo de abate e poda de árvores, com editais perto das próprias árvores e zonas verdes a intervencionar.

 

Amadora, 29 de Abril de 2015